A proposta do webnário – Águas Ancestrais: experimentos coletivos entre mundos e saberes – é um convite a habitar as águas como uma paisagem de múltiplas relações – e não apenas como um recurso. Partimos de uma pergunta que permanece aberta, como a foz de um rio: o que poderiam ser as águas ancestrais? Esta expressão-conceito nos atravessa e convoca a escutar os rios como seres vivos, entrelaçados em múltiplas ontologias, como cantos, silêncios e gestos de reexistência que persistem, mesmo quando não legitimados pela ciência moderna. Inspirado por cosmopercepções indígenas, afro-diaspóricas e pelas histórias hídricas de diferentes territórios, este webinário propõe um espaço de infiltrações sensíveis, de atentividade, de encontros pluriversos que se abrem à multiplicidade ontológica e às ecologias de práticas que moldam mundos. Em roda, juntes, seremos um ajuntamento de seres-rios, para imaginar futuros possíveis a partir de experimentações coletivas daquilo que aqui chamamos de águas ancestrais – aprendendo com elas, escutando-as em sua potência, em seus fluxos, transbordando em suas possibilidades vivas. Este é o primeiro de possíveis ciclos de webinários. Uma nascente. Um convite a cultivar uma ciência que saiba escutar e desacelerar; que se deixe afetar pelas incertezas e materialidades que atravessam o mundo. Uma ciência, por fim, que flua junto às águas que nos constituem – múltiplas, vivas, ancestrais – e que, com isso, possa criar modos sensíveis e pluriversos de pensar a segurança hídrica.
Neste ajuntamento de saberes e vivências, contaremos com a presença de três convidades especiais: Claudia Baré, indígena Baré, professora, liderança e artesã, fundadora do Espaço Cultural Indígena Uka Mbuesara Wakenai Anumarehit e cofundadora do Parque das Tribos em Manaus, atualmente mestranda em Linguística na UNICAMP;
Maíra Rodrigues da Silva, bióloga, quilombola de Ivaporunduva (SP), doutoranda em Geociências pela UNICAMP, pesquisadora atuante nas áreas de racismo ambiental, clima, territórios e juventudes de povos tradicionais; e Eduardo Mario Mendiondo, hidrólogo, professor titular da USP-São Carlos, com trajetória extensa em projetos nacionais e internacionais em recursos hídricos e coordenador do CRHEA-EESC/USP, onde articula sustentabilidade, resiliência e ancestralidade.
O webinário aconteceu de forma on-line no dia 25 de junho, das 14h às 16h, reunindo estes saberes para que, em confluência, possamos cultivar experimentos coletivos sobre o que podem ser – e se tornar – as águas ancestrais.
Organização: INCT – ONSEAdapta (Observatório Nacional de Segurança Hídrica e Gestão Adaptativa) e Grupo MULTITÃO: prolifer-artes sub-vertendo ciências, educações e comunicações (LABJOR-NUDECRI-UNICAMP), como parte do projeto da pós-doutoranda Marcela Paschoal Perpetuo e sob supervisão da pesquisadora Susana Oliveira Dias e co-supervisão do professor Mário Mendiondo. Imagem autoral: Natalia Konig.